Por Wolmer Godoi, Chief Technology Officer da Blockbit
Cada vez mais falada nos últimos tempos, a Internet 5G é esperada como uma verdadeira revolução no que conhecemos sobre conectividade e interação na era do digital. A expectativa é justificada e vai além da velocidade de transmissão de dados até vinte vezes maior que as tecnologias atuais. A possibilidade de conectar diferentes dispositivos ao mesmo tempo, por exemplo, é um ganho que certamente ajudará a transformar os mais diversos mercados, a partir do avanço das ações de Internet das Coisas (IoT). No entanto, é preciso trazer à tona um outro lado bastante importante: ao mesmo tempo em que o 5G representa inúmeras oportunidades, a conexão de quinta geração também deverá significar o aumento da relevância e da complexidade das iniciativas de cibersegurança – em nível pessoal e corporativo.
O ponto de partida para essa visão é relativamente simples. Com mais dispositivos e pessoas conectadas às redes, estamos basicamente aumentando exponencialmente o número de possíveis alvos aos ataques de cibercriminosos. Além disso, é igualmente verdadeiro afirmar que os avanços trazidos pela nova frequência também estarão à disposição dos agentes maliciosos. Sendo assim, a pergunta que fica é: como avançarmos nessa corrida de inovação e, ainda assim, otimizarmos a segurança da informação na era do 5G?
Embora essa seja uma questão sem respostas prontas, é possível dizer que a proteção dos dados na conexão 5G dependerá cada vez mais de planejamento, atenção e inteligência, em processos que combinem tecnologia, políticas adequadas e capacitação das pessoas. Temos de entender que a segurança da informação é fundamentalmente o resultado de uma ação coordenada, envolvendo todos os atores e pilares das operações dentro das organizações. E isso se tornará ainda mais visível no futuro das conexões móveis.
Para começarmos esse plano de cibersegurança, porém, temos de começar com um ponto básico: à medida que a Internet 5G avança, ela exigirá que novos equipamentos compatíveis com estes novos padrões de conexão sejam adicionados pelas empresas e por nós – começando pelo smartphone, por exemplo. Isso significa dizer que as companhias que quiserem acompanhar a evolução de uma maneira segura terão de investir em tecnologias de proteção que também sejam capazes de resistir aos riscos e ameaças desses novos tempos. Sistemas arcaicos de segurança cibernética deverão ser repensados, utilizando mais camadas de proteção aos diversos perímetros habitados pelas equipes (muito mais remotas e descentralizadas).
Não por acaso, projeções do Gartner indicam que os investimentos em infraestrutura de redes 5G aumentará 39% em 2021, movimentando 19,1 bilhões de dólares – contra cerca de 13,5 bi registrados em 2020. Para responder as ameaças, fornecedores da cadeia de telecomunicações já estão em pela transformação; o mesmo deverá ser visto dentro das companhias.
Paralelo à inovação tecnológica, é importante que os executivos entendam a importância de contar com políticas adequadas e talentos preparados para os desafios da 5G e sua hiperconexão. Não se trata de bloquear conteúdo x ou y, apenas. É necessário definir parâmetros sólidos para nortear as operações e para suportar a dinâmica de constante mudança dos setores.
Isso é um ponto-chave e de difícil resolução, uma vez que sabemos bem da escassez de profissionais capacitados em todo o mundo. Dados da (ISC)², por exemplo, estimam um gap de aproximadamente três milhões de talentos no mercado global. Este é um ponto que demanda atenção, mas que pode ser atenuado com um plano efetivo que mire a terceira ponta dessa estratégia de cibersegurança para o 5G e o futuro: o papel das pessoas.