Estudo realizado pela Roland Berger Strategy Consultants revela que, para assegurar o seu crescimento, 145 nações emergentes e em desenvolvimento precisam de US$ 851 bilhões em investimento anuais em infraestrutura. Este é um dos principais resultados apurados na pesquisa “Ganho pelo progresso”, apresentada durante o encontro do G20, que ocorreu nos dias 18 e 19 deste mês, no México.
“Investidores privados internacionais poderiam ajudar o desenvolvimento mundial e ampliar seus negócios a ótimos custos, mas eles estão receosos por conta dos riscos. Este medo é, na maioria das vezes, infundado e baseado no preconceito e na falta de visão adequada do mercado. Isso está custando aos países em desenvolvimento uma fortuna, além de colocar freios na expansão de suas economias”, afirma o sócio especialista em infraestrutura da Roland Berger, Jorge Pereira da Costa.
Um dos exemplos mais claros da situação ocorreu no continente africano que, sozinho, perdeu quase US$ 9 bilhões em investimentos em 2011. No entanto, a maioria do crescimento mundial dos últimos anos se deu nos países emergentes e em desenvolvimento. Entre 2005 e 2010, o Produto Interno Bruto da Europa (PIB) cresceu apenas 0.8% ao ano. Em contraste, o PIB na Ásia cresceu mais que 5% ao ano no mesmo período. Já África, Oriente Médio e América Latina registraram um crescimento em torno de 4%.
No entanto, para manter o desenvolvimento muitos países são dependentes dos investimentos governamentais em questões de infraestrutura. A maior demanda vem de 35 países com baixo crescimento da renda interna (US$ 1.005 per capita ou menos) e de outros 110 com renda interna moderada (mais de US$ 12.275 per capita). A estes mercados falta um investimento total de US$ 851 bilhões em projetos de infraestrutura: no fornecimento de energia elétrica (US$ 317 bilhões), abastecimento de água e saneamento (US$ 199 bilhões), transporte (US$ 163 bilhões), telecomunicações (US$ 81 bilhões) e irrigação (US$ 38 bilhões).
“Cedo ou tarde, países com tamanha escassez em sua infraestrutura se depararão com os seus próprios limites de crescimento”, explica o executivo. “Se as condições necessárias, como um bom abastecimento de energia ou um transporte eficiente e redes de telecomunicações não estão disponíveis, a economia local não pode crescer. Muitas nações emergentes já estão produzindo 45% menos daquilo que poderiam por causa da infraestrutura pobre”, completa.
Há ferramentas disponíveis relativamente simples e que podem ajudar investidores privados a investir com confiança em projetos de infraestrutura, como o uso de seguros. O envolvimento de parceiros locais e instituições financeiras também podem auxiliar na diminuição dos riscos políticos e monetários. “O modelo de parceria público-privada (PPP) é a melhor opção para assegurar os investimentos essenciais na infraestrutura futura dos mercados emergentes”, conclui Pereira da Costa.