Por Elias Rogério da Silva, Presidente da Diebold Nixdorf no Brasil
No futuro, quando olharmos para trás, certamente vamos lembrar deste período de pandemia como o momento de virada para diversos segmentos. Decididamente, por exemplo, os últimos anos serão apontados como responsáveis pela aceleração da digitalização de nossas vidas. Nestes dois anos, nos acostumamos a trabalhar, comprar e até conversar por meio das telas e aplicações em nosso dia a dia. Toda essa evolução faz sentido e uma importante constatação trazida à tona agora também deve ser colocada em pauta: o mundo será cada vez mais híbrido e, para muita gente em nosso País, o acesso aos bancos e ao dinheiro ainda acontece com a ajuda dos caixas eletrônicos.
A verdade é que, mesmo com a onipresença dos celulares, os ATMs continuam a ser um dos mais importantes elos entre bancos e clientes. De acordo com pesquisas da Febraban, em 2020, os caixas eletrônicos foram responsáveis pela movimentação de mais de R$ 8,3 bilhões, volume de dinheiro que não pode ser desprezado, sobretudo em um país cuja sociedade utiliza majoritariamente o dinheiro físico em espécie em seus pagamentos.
Além da relevância pelo montante de dinheiro circulado, os caixas eletrônicos também têm um papel importante dentro da realidade das pessoas. Para muitos, inclusive, os terminais são a única forma de contato disponível com os bancos. Segundo dados do Banco Central, por exemplo, mais de 2.300 cidades de todo o País não têm qualquer tipo de agência bancária, o que representa quase 45% do total de municípios brasileiros.
Os terminais de autoatendimento, portanto, podem ser grandes aliados para aproximar os milhões de brasileiros que vivem nestes munícipios e regiões ao sistema bancário, oferecendo acesso a dinheiro em espécie e a serviços essenciais, como depósitos e transferências. É neste ponto que surge uma questão-chave: como manter milhares de terminais funcionando, sempre, e ao mesmo tempo?
Fazer com que esta rede funcione com máxima disponibilidade e performance é, de fato, um desafio. O Brasil é um país com dimensões continentais, o que certamente torna a gestão desses parques em uma tarefa bastante complexa. A boa notícia, entretanto, é que o mesmo cenário que desafia a sobrevivência das agências também pode significar o caminho para maximizar as operações dos ATM, inclusive aumentando a relevância destes equipamentos para os usuários.
Os caixas eletrônicos são velhos conhecidos da população e uma das mais antigas maneiras de realizar transações financeiras. No entanto, isto não significa que ele não continue se inovando, com disrupções que permitem a inclusão social das pessoas. Hoje, a indústria de terminais de autoatendimento conta com uma série de inovações para otimizar a disponibilidade dos equipamentos, inclusive de forma remota. Isso significa a chance de utilizar a tecnologia e a ideia deste mundo cada vez mais híbrido e móvel justamente como os caminhos para simplificar – e amplificar – a presença das máquinas em todo o território.
Por meio de recursos como Inteligência Artificial e Internet das Coisas (IoT), já é possível monitorar, configurar e até mesmo fazer reparos lógicos (software) a distância e de modo automatizado. Além disso, essas soluções também permitem que parceiros especializados possam verificar e antecipar o estado de peças e suprimentos fundamentais para a continuidade dos serviços – criando inclusive a chance de se aplicar programas de manutenção programadas e atualizações proativas no momento do reabastecimento de numerário nesses equipamentos, por exemplo.
Dessa forma, conseguimos reduzir as interrupções de operação dos bancos, diminuindo custos gerais de sustentação das redes de terminais. Do ponto de vista dos usuários, isso significa
uma rede mais confiável e disponível, possivelmente com máquinas mais modernas e capazes de integrar serviços distintos.
Há um enorme campo a ser coberto pelos bancos, também, nas grandes cidades, onde a malha de ATMs já é significativa. Ao contar com máquinas mais modernas e parceiros de serviços especializados, os bancos (inclusive os digitais) ganham a oportunidade de consolidar as estratégias de operação dos terminais – que, em última instância são as novas agências bancárias da era digital.
Ter uma rede de caixas automáticos, nesses casos, pode representar a criação de uma base de contato e de apoio rápido. Para tanto, imagine o dia em que alguém precisará de dinheiro em espécie para um pagamento, mas está apenas com o cartão. Ou pense nas oportunidades para turistas manejarem troca de moedas e por aí vai. Seja nos grandes centros ou nas áreas mais remotas, os caixas eletrônicos seguem tendo uma função de integração.
O mundo híbrido é um exemplo de transformação que não precisa excluir um lado em prol de outro. Ao contrário. Ganharão aqueles que conseguirem transformar o que existia em um diferencial para o futuro. No caso dos bancos, os ATMs podem representar essa oportunidade, assim como a adoção de parceiros especializados pode simplificar o gerenciamento de redes de caixas espalhadas pelo Brasil. Temos muito o que organizar e desenvolver, mas é definitivamente mais do que hora de potencializar os aliados que já estão em nossas mãos.