Mitos e verdades da gagueira

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– A gagueira é contagiosa ou pode-se ficar gago ao conviver com uma pessoa que têm este distúrbio da fala?

Mentira. A gagueira não é contagiosa e não “pega”. Portanto, não é transmitida pelo convívio com pessoas que gaguejam. Ninguém deve ter receio de conversar ou interagir com pessoas que gaguejam.

– A gagueira tem relação com a garganta ou com a língua?

Mentira. A gagueira é entendida como uma dificuldade do cérebro na temporalização e automatização dos movimentos da fala. A disfluência pode ser causada por múltiplos fatores, entre eles o genético – em que pessoas da mesma família, de diferentes gerações, carregam o gene responsável pela gagueira, que pode ou não se manifestar, dependendo da interação com os fatores social e psicológico a que a pessoa é exposta; e o orgânico, no caso de lesões cerebrais.

– A disfluência tem cura?

Mentira. Até o momento, não há cura para a gagueira, no sentido de eliminar o caráter genético e/ou orgânico envolvido, mas há tratamentos com ótimos resultados e reduções significativas das rupturas da fala. No filme “O Discurso do Rei”, George VI teve sucesso em seu discurso, porém não é curado da gagueira.

– Existem diferentes linhas de tratamento?

Verdade. Existem diferentes linhas de tratamento para a gagueira, visando à diminuição dos seus sintomas, como repetições, prolongamentos, pausas, bloqueios, entre outros. Por ser um distúrbio de fala, o tratamento adequado é o fonoaudiológico.

– Existe um aparelho para o tratamento da gagueira?

Verdade. Desde 2008, o SpeechEay é comercializado no País. Usando o mecanismo do retorno auditivo alterado, por meio do atraso auditivo (delay) e da alteração da freqüência da voz, o aparelho gera uma segunda voz e simula o efeito coro, um fenômeno natural que reduz a gagueira. É uma opção de tratamento importante, uma vez que pode ser de grande auxílio em situações agravantes para aqueles que gaguejam, como reuniões e apresentações em público.

– O aparelho usado para o tratamento da gagueira é inserido na orelha?

Verdade. O SpeechEasy é um dispositivo portátil, usado na orelha e confeccionado de forma personalizada para cada usuário. Ao contrário do que se pensa, o aparelho para gagueira deve ser usado na orelha e não na garganta ou na boca.

– A pessoa com disfluência não gagueja quando canta?

Verdade. As pessoas com gagueira não costumam gaguejar durante o canto porque ele é processado no cérebro de forma diferente da fala espontânea, auto-expressiva. No canto, há pistas externas como ritmo, melodia e uma letra que já existe, que auxiliam o cérebro e favorecem a fluência.

– Uma pessoa normal deve completar a palavra ou frase ao conviver com um indivíduo que gagueja para ajudá-lo?

Mentira. As pessoas devem encorajar a pessoa que gagueja a falar, dando atenção e demonstrando interesse em conversar com ela. Não se deve pedir para a pessoa ter calma, pensar, respirar e falar devagar. Além disso, deve-se esperar que a pessoa que gagueja termine de falar, sem completar a fala dela, o que muitas vezes acontece de forma equivocada.

– Em momento de tensão, a pessoa com disfluência gagueja mais?

Verdade. A gagueira pode aumentar em momentos de tensão. Isso acontece inclusive com pessoas fluentes, que em uma situação de estresse, como falar em público, com um superior ou sobre um conteúdo que não domina, podem apresentar algumas disfluências. Os fatores psicológicos são aspectos importantes na fluência, não são a sua causa, mas interferem e podem aparecer como consequência do distúrbio.

– A pessoa com gagueira não pode ter um cargo de responsabilidade em uma empresa?

Mentira. Mesmo com a gagueira é possível liderar, ser respeitado, ser competente, ter destaque e ser alguém de sucesso, que enfrenta e supera obstáculos na vida, como qualquer outra pessoa.

– A profissão de fonoaudiólogo sempre existiu?

Mentira. Apesar da existência de relatos sobre terapeutas da fala há muito tempo, a fonoaudiologia é considerada uma profissão nova. No Brasil, por exemplo, foi regulamentada em 1981. Há muito tempo diversos profissionais trabalhavam para a melhoria da fala e da comunicação dos seus pacientes, e isso contribuiu para o que a fonoaudiologia se tornou atualmente.

*Fonte: Sabrina Möller Martinho, fonoaudióloga do Grupo Microsom