Mesmo com o avanço da sociedade, ainda hoje, pessoas sofrem preconceito e enfrentam problemas por terem gagueira. No ano passado, um garoto de 9 anos foi agredido na escola por causa do problema e, recentemente, um novo caso de preconceito foi constatado. Uma atendente de telemarketing foi demitida por justa causa por ter ridicularizado uma cliente que gagueja, imitando-a durante o atendimento. A atitude da operadora provocou risos dos colegas, o que, para o Tribunal Regional do Trabalho de Campinas/SP, aumentou a humilhação sofrida pela cliente.
A população em geral dispõe de pouco conhecimento sobre a disfluência, comumente conhecida como “gagueira”. Desta forma, a pessoa com gagueira acaba sofrendo preconceito na hora de buscar uma colocação profissional, em uma entrevista de emprego, no ambiente de trabalho ou em seu ambiente de convívio familiar e social.
“A pessoa que gagueja sempre é motivo de piada e brincadeiras e, muitas vezes, não é levada a sério devido à dificuldade de fala”, explica Érica Ferraz, fonoaudióloga do Grupo Microsom, uma das mais conceituadas empresas de soluções auditivas e a única a oferecer um aparelho para tratamento da gagueira, o SpeechEasy.
Segundo o Instituto Brasileiro de Fluência (IBF), o problema central da gagueira consiste em uma dificuldade do cérebro para sinalizar o término de um som ou uma sílaba e passar automaticamente para o próximo. Desta forma, a pessoa consegue iniciar a palavra, mas fica “presa” em algum som ou sílaba até que o cérebro consiga gerar o comando necessário para dar prosseguimento ao restante da palavra.
“A gagueira é um distúrbio em que acontecem quebras ou rupturas involuntárias no fluxo da fala. Ela é caracterizada por repetições de sons, sílabas, palavras, prolongamentos, bloqueios e pausas. A pessoa que gagueja sabe exatamente o que quer dizer, mas tem dificuldade na automatização e na temporalização dos movimentos da fala”, explica a fonoaudióloga.
Segundo a especialista, a pessoa com gagueira não possui nenhum problema na boca ou na língua, nem dificuldade para elaborar o raciocínio, mas uma disfunção no cérebro que torna difícil a percepção de quando começa e quando termina um som. “Desta forma, a gagueira não está relacionada à inteligência e também não é contagiosa”, ressalta Érica.
Além das causas neurológicas, estudos científicos também indicam que a gagueira é causada por múltiplos fatores, entre eles o genético – em que pessoas da mesma família, de diferentes gerações, carregam o gene responsável pela gagueira, que pode ou não se manifestar, dependendo da interação com os fatores sociais e psicológicos aos quais a pessoa é exposta. “A gagueira também pode ter como causa, fatores orgânicos, como disfunções ou lesões cerebrais”, diz a fonoaudióloga.
Sobre o SpeechEasy
Para o tratamento da gagueira foi desenvolvido o SpeechEasy, um pequeno e discreto aparelho utilizado na região interna da orelha, que simula o “efeito coro” – um fenômeno natural e tema de muitas pesquisas há décadas. O “efeito coro” ocorre quando uma pessoa que gagueja fala ou lê ao mesmo tempo em que outra pessoa, reduzindo a gagueira.
O SpeechEasy, por fazer a voz do usuário alcançar o cérebro com um ligeiro atraso e com um tom diferente, fornece a sensação da pessoa estar falando ao mesmo tempo em que outro indivíduo, desencadeando o efeito coro, que reduz a gagueira. O produto favorece a fluência da fala em situações cotidianas, promovendo o bem-estar e melhor qualidade de vida ao usuário.
A tecnologia aplicada no SpeechEasy possibilita o aumento da fluência em diversas situações. No entanto, é importante ressaltar que o equipamento não é cura e sim um auxiliador no tratamento da gagueira.
Dados sobre a gagueira
Pesquisas realizadas nos Estados Unidos mostraram que 80% dos usuários se sentem satisfeitos com o uso do equipamento. Mais de 85% dos clientes apresentam como vantagens o aumento de confiança, liberdade e auto-estima, assim como a melhora nos relacionamentos sociais e profissionais.
De acordo com o IBGE, a população brasileira é de 192 milhões de pessoas. Segundo o Instituto Brasileiro de Fluência (IBF), a incidência da gagueira no Brasil é de 5%, ou seja, 9,5 milhões de brasileiros estão passando por um período de gagueira neste momento. Este número é maior do que a população da cidade do Rio de Janeiro. A prevalência da gagueira é de 1%, ou seja, 1,9 milhão de brasileiros gagueja há muitos anos de forma persistente, crônica. Este número é maior do que a população de Manaus ou Curitiba.