Por Marcel Mathias, Diretor de Pesquisa & Desenvolvimento da BLOCKBIT
Imagine que sua equipe tem um importante projeto para entregar na semana que vem, mas cada um de seus colegas está falando um idioma diferente, usando ferramentas e processos distintos. Pode parecer uma situação extrema, mas essa é a realidade de muitas organizações que ainda não conseguiram definir padrões ou processos claros de governança em suas operações.
A governança é a formação e aplicação de estratégias que permitem estruturar, proteger e maximizar o uso dos recursos internos e, com isso, apoiar o trabalho da empresa rumo ao sucesso operacional. Evidentemente, esse não é um conceito novo. Há tempos, grandes organizações já aplicam conceitos desse tipo em suas gestões como um todo. A novidade, aqui, é que cada vez mais a transformação digital está forçando empresas de todos os tamanhos a adotarem novos processos e regras, além de também revisarem continuamente sua forma de trabalho.
O tema merece atenção redobrada uma vez que cerca de 70% das empresas atuais correm riscos por conta de processos e políticas de gerenciamento de redes que são falhos. Isso acontece, basicamente, porque os desafios para organizar e controlar as ferramentas e formas da tecnologia estão evoluindo como nunca. Saber integrar dados de servidores com ambientes em Nuvem ou acelerar os ganhos trazidos por inovações como mobilidade e Analytics, por exemplo, são questões que têm gerado enormes alterações na rotina e nos planos das corporações.
Diante desse contexto, a governança de TI é uma questão-chave para o futuro das organizações que desejam se preparar para obterem sucesso no futuro. De forma prática, a construção de um plano de governança completo ajuda a alinhar as diretrizes a serem seguidas por todos os públicos internos, traçando as responsabilidades de cada equipe ou estrutura para o sucesso operacional da companhia.
Criar uma visão estratégica para o uso das estruturas de TI é, portanto, o primeiro passo para construir um ambiente mais previsível e transparente. Com regras e padrões claros para todos, as companhias ganham uma ferramenta para otimizar a performance de suas equipes e departamentos, organizar o trabalho de terceiros e garantir maior proteção às informações. Além disso, as políticas também ajudam a definir as métricas e as ações mais importantes para o futuro dos negócios. Mais do que visualizar os resultados, a gestão é um caminho para aprimorar o que está sendo feito internamente.
Outra questão importante é que a governança de TI é essencial para agregar inteligência à segurança da informação. Ao definir regras mais claras de acesso e identificação dos usuários, as companhias ampliam suas opções para identificar quais são os dados mais relevantes da empresa, protegendo-os com mais camadas de bloqueio e em uma estratégia capaz de equilibrar questões como disponibilidade e controle. Do mesmo modo, é mais fácil filtrar quais são as informações que cada colaborador pode acessar e em quais dispositivos isso é permitido.
Isso acontece porque a definição de uma política mais específica traz a oportunidade de se criar mecanismos mais objetivos de avaliação e melhoria. Cria-se uma linguagem e um código de conduta único, simplificando a visualização dos resultados e a análise de possíveis vulnerabilidades. Ao invés de mergulhar em um cenário repleto de modelos e opções distintas, os times corporativos ganham um guia único e prático de trabalho.
O que não significa dizer, no entanto, que os profissionais devam acompanhar as inovações de “mãos limpas”. Há, hoje, uma série de soluções digitais que possibilitam realizar o monitoramento de forma automatizada, com o acompanhamento e o gerenciamento inteligente de políticas de conformidade e riscos de segurança. As redes definidas por software (SDN – de software-defined network, em inglês) e os firewalls dinâmicos, de nova geração, são exemplos de opções que podem complementar o gerenciamento das redes, tornando o acompanhamento dos processos de segurança muito mais fáceis e alinhados às políticas e requisitos pré-estabelecidos pelo plano de governança.
Mas é preciso ter consciência de que que esses projetos só serão bem-sucedidos com a definição de um plano que faça sentido e engaje a alta cúpula de gestão das empresas. Somente assim, os processos de governança de TI poderão estar realmente alinhados às estratégias e os objetivos de organizações de todos os tamanhos e setores da indústria. É esse alinhamento que permitirá a jornada de inovação e de transformação de suas estruturas de TI, com a migração para novos modelos e propostas de negócios.
Em um momento de grandes mudanças como o atual, garantir a segurança dos dados e dos sistemas é fundamental para os negócios, devendo ser um dogma para todos os funcionários e executivos. A governança de TI traz às organizações uma nova forma de criar, antever e ajustar demandas, garantindo tranquilidade e segurança para as empresas. Definir esse plano, ajuda a empresa a criar formas mais práticas de adotar a tecnologia certa para proteger os dados e maximizar os resultados. Resta saber, apenas, quem está preparado para definir um plano coerente e adotar as soluções fundamentais para o sucesso na nova era digital.