Fonoaudióloga alerta população sobre os riscos do uso de hastes flexíveis

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Grande parte da população brasileira tem o hábito de limpar os ouvidos com hastes flexíveis plásticas com algodões nas duas extremidades, popularmente conhecida como cotonete. Apesar de ser uma prática comum, poucos sabem que remover a cera do canal auditivo externo gera diversos riscos, como otites ou lesões no tímpano. A extração, apesar de ser considerada um processo de higiene pessoal, ignora o fato de que o cerume tem um papel fundamental, entre eles a função antimicrobiana – capacidade de eliminar grande parte das bactérias e outros germes que venham a entrar no canal auditivo. Além de proteger e lubrificar o canal auditivo externo.

A cera possui uma natureza pegajosa que aprisiona objetos estranhos e previne o contato direto com diversos organismos, poluentes e insetos. Ajuda também a diminuir os riscos de infecção.

Segundo a fonoaudióloga do Grupo Microsom, Maria do Carmo Branco, sem o cerume ocorre um ressecamento na região e, consequentemente, o canal auditivo torna-se vulnerável. “Quando se usa o cotonete, a secreção é empurrada para o fundo do canal auditivo e pode provocar uma obstrução que acarreta em diminuição de energia na passagem do som. O interior do canal tem células com pequenos pelos denominados cílios, que tem como uma das funções a de empurrar para fora a cera excessiva. Se a cera não for expulsa e se acumular no fundo do ouvido externo, ela vai provocar desde a diminuição da capacidade de ouvir, até uma grave infecção por causa dos micro-organismos que não foram expulsos”, explica.

De acordo com a especialista, o organismo do ser humano é preparado para eliminar a cera em excesso e possui o procedimento de autolimpeza. “A melhor maneira de limpar os ouvidos sem prejudicá-los é utilizar uma toalha logo após o banho, até onde o dedo alcança. Assim, o indivíduo não empurra a cera em direção aos tímpanos”, recomenda Maria.

Em alguns casos, há a possibilidade de ocorrência da diminuição da audição devido à existência de excesso de cera. Esse volume pode acontecer em decorrência de alguns fatores, como diferenças anatômicas (canais auditivos estreitos) e uso constante das hastes flexíveis. Nessas condições, a secreção precisa ser retirada por um especialista com lavagem ou aspirações – processos realizados com instrumentos especiais que não agridem os ouvidos.