Os países responsáveis por mais de 40% do PIB global aplicam anualmente US$ 4,4 trilhões em desenvolvimento social
Estudo realizado pela Roland Berger, uma das principais empresas de consultoria em gestão empresarial do mundo, revela que as economias desenvolvidas gastam um terço do PIB em sistemas sociais. Entre os países pesquisados, os gastos da França e da Bélgica são de 31% do PIB e o dos Estados Unidos de 26%. As economias emergentes, por outro lado, gastam muito menos. A China, por exemplo, gasta 6% e a Rússia, 12%.
No entanto, para que haja uma transformação é necessário cortar custos, combater o ônus crescente das Doenças Não Contagiosas (NCDs, do inglês non-communicable disease) e aumentar a idade para aposentadoria. O levantamento constatou ainda que a corrupção e as fraudes perceptíveis, a qualidade da assistência à saúde e as brechas de cobertura são os principais problemas a ser enfrentados.
A parcela do PIB gasta com os sistemas sociais, entre 1980 e 2007, aumentou 8% na França, 2% na China e 3% na Bélgica e nos Estados Unidos. No mesmo período, a desigualdade entre as classes socioeconômicas também aumentou na maioria das nações desenvolvidas e em desenvolvimento, tornando necessária uma transformação sistêmica.
Embora as taxas de natalidade tenham diminuído significativamente em nações como Rússia, China e Estados Unidos, a expectativa de vida aumentou expressivamente em todos os países, exceto na Rússia, onde o aumento foi de apenas 2%. Dentre as quatro razões principais para o aumento dos gastos com saúde, estão o aumento da taxa de mortalidade pelas NCDs (67% em menos de dez anos, pela simples falta de medidas preventivas), o aumento de casos – que implicam em maior uso do sistema de saúde –, o provimento de serviço de saúde ineficiente ou inadequado (no mundo inteiro, faltam cerca de 2,4 milhões de profissionais na área de saúde) e o alto custo gerado pela falta de profissionais de saúde (quanto mais raro o especialista, mais cara a sua consulta).
A fim de propor soluções para que a redução de custos com sistemas públicos (saúde e previdência) possam economizar receitas aos países, a Roland Berger apresenta três sugestões aos líderes mundiais sobre como transformar os sistemas globais. Primeiro, eles podem ser aprimorados com diretrizes nacionais que sejam implementadas, gerenciadas e controladas em termos regionais e locais.
Outra ação, em virtude da grande redução das taxas de natalidade na China (-24%), na Rússia (-14%) e nos EUA (-10%) nos últimos cinquenta anos, é o ajuste da idade de aposentadoria, que representa um passo importante para a transformação dos sistemas sociais. O mundo está envelhecendo e aumentar a idade da aposentadoria é uma medida “fácil” para encontrar um novo equilíbrio.
Por fim, as NCDs representam um problema global e devem ser encaradas dessa forma. Os participantes do setor de assistência à saúde devem cooperar – local e internacionalmente – para que haja mais saúde em todas as nações.
Além dessas três medidas primárias, os países em desenvolvimento com baixos índices de endividamento, como Rússia e China, devem investir diretamente na assistência à saúde e nas pensões por meio do aumento dos gastos sociais. Em contraposição, países desenvolvidos como a Bélgica, a França e os EUA, que enfrentam altos níveis de endividamento, devem reduzir e controlar os gastos sociais por meio de medidas econômicas, caso queiram manter a qualidade atual de seus sistemas e evitar uma privatização continuada.