Especialista oferece dicas de como agir com deficientes auditivos no ambiente corporativo

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Segundo a Lei, empresas com mais de 100 funcionários devem disponibilizar vagas para pessoas com necessidades especiais

No Brasil, a Lei nº 8.213, de 4 de julho de 1991, determina a contratação de pessoas com necessidades especiais em todas as empresas com mais 100 funcionários, que é obrigada a preencher de 2% a 5% de seus cargos com beneficiários reabilitados ou pessoas portadoras de deficiência. Com isso, muitas companhias adaptaram seus quadros de funcionários para atender à demanda de interessados, com o intuito de promover a diversidade no ambiente de trabalho e gerar benefícios à empresa e ao colaborador.

No entanto, a fonoaudióloga Maria do Carmo Branco, do Grupo Microsom, uma das mais conceituadas empresas de soluções auditivas do Brasil, afirma que a obrigatoriedade é um grande desafio para a empresa contratante e também para todos os funcionários. “As pessoas que convivem e trabalham com pessoas deficientes devem ter informação e orientações para tornar o ambiente saudável para todos e, principalmente, para que haja a comunicação necessária em atividades do dia a dia”, diz a especialista.

A fonoaudióloga, ainda, destaca que entre todas as limitações, a deficiência auditiva é aquela que acomete principalmente a comunicação do indivíduo. Segundo o Censo de 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mais de 9 milhões de pessoas declararam ter algum tipo de deficiência auditiva. Diante deste cenário surgem dúvidas em relação ao convívio e comunicação com pessoas portadoras de deficiência auditiva no trabalho.

“Uma pessoa deficiente auditiva pode se comunicar de diferentes formas, dependendo, entre outras coisas, do grau de sua perda de audição”, explica a fonoaudióloga. Segundo Maria do Carmo Branco, portadores de deficiências auditivas mais leves ouvem grande parte dos sons do cotidiano e, geralmente, apresentam grandes dificuldades apenas para entender o que é dito durante uma conversa, especialmente em locais barulhentos.

Já a comunicação com uma pessoa portadora de deficiência auditiva de grau moderado deve ser realizada com a fala um pouco mais alta e mais lenta, mas sem exageros. “Não é necessário gritar o que pode, inclusive, incomodar algumas pessoas. O ideal é falar um pouco mais alto e devagar sem perder a naturalidade”, aconselha a especialista. A profissional também alerta que, durante a conversa, a pessoa deve se expressar de frente para a pessoa com a deficiência de forma que o rosto fique visível. “Evitar ficar de costas e escondendo o rosto é de grande ajuda para que a comunicação seja eficiente”, completa.

                O contato com pessoas que possuem perda auditiva de grau severo é delicado, visto que elas escutam muito pouco. Nesses casos, muitas pessoas se comunicam por meio da linguagem  de sinais ou Língua Brasileira de Sinais (Libras). A língua de sinais não é igual ao português e, como toda língua, deve ser aprendida e praticada, pois possui gramática e estruturação própria.

Vale ressaltar que a leitura labial não é natural, trata-se de uma habilidade que deve ser desenvolvida e pode ser melhor em alguns indivíduos do que em outros. Quando o portador de deficiência auditiva usa a língua de sinais ele, provavelmente, faz boa leitura labial e você pode conversar com ele normalmente, sempre de frente e sem movimentar muito a cabeça para que ele não perca informações. É importante também que o local tenha boa iluminação. Para todos os casos é necessário estabelecer a melhor forma de comunicação, segundo as condições de cada um.

De uma forma geral, confira as principais dicas para uma boa comunicação com um deficiente auditivo:

  1. Falar devagar, mas sem perder a naturalidade;
  2. Falar de frente, evitando virar muito a cabeça;
  3. O volume da sua voz dependerá de como é a perda auditiva da pessoa, mas em nenhum caso se deve gritar. Algumas vezes, porém, será preciso falar um pouco mais alto;
  4. Mantenha conversas em locais com boa iluminação, facilitando a leitura labial;
  5. Repita a informação de forma simplificada, caso seja necessário.