Por Anderson França, CEO da Blockbit
Já imaginou sua empresa sendo obrigada a ficar uma semana inteira paralisada? Esse, no caso, foi o tempo em que o Superior Tribunal de Justiça (STJ) ficou fora do ar durante o mês de novembro. No ano que ficará marcado pelo avanço de um vírus que ameaçou o planeta, um dos principais pilares do judiciário brasileiro foi impactado, na prática, por um ataque de outro tipo de vírus: o cibernético.
No entanto, por mais impactante que seja imaginar que a justiça de nosso País pode ser bloqueada por ataques hacker, o fato é que eventos como esse – o de interrupção de serviços por conta de cibercrimes – não chega a ser nenhum caso especial. Vimos isso claramente durante a realização das eleições municipais, quando uma série de ataques prejudicaram a apuração dos votos e tentaram derrubar os servidores do Tribunal Superior Eleitoral (STE), em Brasília.
Por isso mesmo, na verdade, a grande notícia para você, em todos esses casos, é justamente essa: em um mundo hiperconectado como o nosso, os riscos do cibercrime estão por aí e podem, sim, impactar qualquer pessoa ou organização. Pesquisas indicam que mais de 3,4 bilhões de tentativas de ataques e fraudes virtuais foram realizados no Brasil, entre janeiro e setembro de 2020 – pouco menos de 1 bilhão somente no terceiro trimestre.
Agora, pense nessa realidade e lembre-se de nossa atual necessidade de promover o distanciamento remoto, com a adoção de novos modelos de trabalho remoto. Segundo análises feitas pela Fundação Instituto de Administração (FIA), quase metade das empresas brasileiras adotaram algum tipo de política de trabalho à distância durante a pandemia. É muito – ainda mais se considerarmos que a maioria dessas operações não tinham a qualquer experiência com o teletrabalho.
Esse é um cenário que exigirá mais atenção das empresas, sem dúvida, no que tange à segurança das informações. Mas calma, pois não se trata de acabar com o teletrabalho ou com o uso da conectividade como um fator de negócios. Ao contrário.
Assim como bem disse o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Luiz Fux, a transformação digital das organizações exigirá de todos nós uma nova consciência, com o aprimoramento tecnológico e de processos que permitam a real mitigação das ameaças e a extração do real potencial das inovações das plataformas e serviços de TI (seja em um ambiente local ou remoto).
Em outras palavras, é preciso que as empresas entendam que a digitalização das operações e rotinas de trabalho deverá vir acompanhada de novas prioridades e ações – principalmente no que tange a Segurança das Informações. Por mais que os colaboradores estejam em suas casas (ou dispersos em qualquer localidade) usando tecnologias disruptivas e de alta colaboração, é importante que os gestores de TI e negócios entendam que é fundamental proteger os dados com soluções adequadas para esse tipo de tarefa.
Como fazer isso? As companhias devem, em primeiro lugar, reforçar a orientação de seus colaboradores, ajudando-os a evitar tentativas de fraude que miram o usuário final como porta de entrada das corporações. O Brasil é recordista no número de ataques de phishing, quando as pessoas têm seus dados roubados por meio de comunicações falsas – e é fundamental ensinar todos os times e colaboradores sobre esses riscos. A cibersegurança é cada vez mais uma responsabilidade de todos, e isso precisa ser deixado claro.
Outra medida importante é garantir que os profissionais tenham acesso às ferramentas atualizadas, com recursos que maximizem a proteção dos registros. Uma forma de conciliar esse cenário é adotar soluções de comunicação criptografada – entre o computador do teletrabalhador e a rede local da empresa -, por meio do uso de VPN e sistemas para a autenticação do acesso dos usuários. Além disso, é sempre indicado manter um antivírus atualizado e incluir firewalls que permitam a gestão do conteúdo navegado dentro do ambiente corporativo.
Com a pandemia, investir em conectividade e em digitalização de processos deixou de ser apenas uma questão de se preparar para o futuro. Agora, diante das restrições impostas pela crise do coronavírus, implementar modelos de trabalho à distância e ferramentas de colaboração se transformaram em temas fundamentais para a manutenção das operações na maior parte das companhias. Essas propostas, contudo, não podem vir desacompanhadas de medidas de segurança que garantam maior visibilidade e proteção às informações sigilosas e chaves para o sucesso das companhias.
O futuro chegou rápido para quem imagina um mundo hiperconectado e sempre disponível. Há de se considerar, agora, o que sustenta e protege o avanço dessa comunicação constante e cada vez mais rápida. Não é questão de evitar a transformação, mas de protegê-la, cercando os times e colaboradores com as soluções que a indústria de cibersegurança está constantemente desenvolvendo.