Arquivos mensais: maio 2023

Projeto ‘mão na massa’ incentiva estudantes de escola pública a protagonizarem o aprendizado de Matemática e Física

Incentivados pelo professor, os jovens da 1ª série do Ensino Médio foram desafiados a construir catapultas para comprovarem teorias de aula

Em Pindamonhangaba, cidade perto de Campos do Jordão, interior de São Paulo, a Escola Estadual Prof. Expedito Camargo Freire vem transformando o ensino de física e matemática dos alunos do Ensino Médio. Uma iniciativa do Prof. Dr. Edson Fernando Fumachi aguçou o protagonismo dos alunos e os incentivou a construir catapultas e estudar seus lançamentos – modelo matemático polinomial e estimativa da distância do projétil. Com um projeto ‘mão na massa’, o resultado foi excepcional: 100% dos alunos da turma se engajaram em todas as etapas do processo, que envolveu pesquisa, construção, otimização, filmagem e cálculos. Além disso, o projeto do Prof. Fumachi foi o primeiro colocado no 7º Congresso de Boas Práticas Parceiros da Educação, na categoria “Práticas de Aula”.

Cada vez mais presentes nas salas de aulas, as metodologias ativas procuram colocar os estudantes no centro do aprendizado, passar a eles a potência de aprender por meio de recursos que estão ao alcance dos jovens como pesquisa, debates, exploração, análises de resultados práticos. “Em uma sociedade mais tecnológica, dinâmica e includente, o ensino precisa se atualizar para que a atenção do aluno se volte para o aprendizado. Sabemos que a linguagem usada em aulas muito teóricas pode dificultar o desenvolvimento de habilidades. Portanto, é importante que as escolas públicas também promovam atividades experimentais, que cativem o aluno e promovam o ensino de forma eficiente”, diz Edson Fernando Fumachi, professor responsável pelo projeto de catapultas.

A atividade que mobilizou toda a turma constitui em usar materiais reciclados (papelão e pilhas) e de papelaria (fita adesiva, lápis, canudo, clipes) para a construção de catapultas e projéteis. O desenho da catapulta foi retirado do caderno de práticas experimentais da EFAPE (Escola de Formação e Aperfeiçoamento dos Profissionais da Educação do Estado de São Paulo). Todo material para a construção dos protótipos foi fornecido gratuitamente aos estudantes. A seguir, as fases do projeto:

    1. Construção da catapulta usando o desenho do caderno EFAPE e os materiais recicláveis;

    2. Com celulares, os estudantes filmaram os lançamentos e, em grupo, discutiram formas de otimizar o alcance dos projéteis;

    3. Na etapa seguinte, filmaram os lançamentos em câmera-lenta para determinar três pontos distintos (frames);

    4. Por meio do Geogebra (aplicativo online de matemática), esses pontos permitiram o ajuste polinomial de ordem 2 e, em seguida, os estudantes puderam estimar o alcance dos projeteis (raiz da função);

    5. Um Brainstorming tomou lugar para que os alunos debatessem o motivo da diferença entre os resultados teóricos e experimentais.

    6. Na etapa final, os alunos desenvolveram apresentações comprovando seus experimentos.

Extra: Para aumentar o desafio, os alunos competiram entre si para superar a catapulta construída pelo professor: todos tinham a meta de arremessar o projétil ainda mais longe.

Mais do que Matemática e Física, a atividade se comprovou uma prática multidisciplinar e trabalhou, também, trabalhou Língua Portuguesa, Inglês, História, Filosofia/Sociologia, Tecnologia e Gestão de Projetos. “Estamos em um momento que precisamos recuperar o aprendizado em sala de aula e engajar os alunos. Práticas diferenciadas podem permitir o resgate das habilidades em defasagem, pois proporcionam um ambiente de voz ativa, com argumentação e criatividade”, conta o professor.