Programas podem reduzir doenças crônicas

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Recentemente, o Ministério da Saúde, por meio da pesquisa de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel), revelou que o índice de sobrepeso e obesidade da população brasileira avançou nos últimos quatro anos. De acordo com o levantamento, de 2006 a 2010, a proporção de pessoas obesas cresceu de 11,4% para 15%. Considerada epidemia, a obesidade, na maioria das vezes, vem associada a outras doenças crônicas como diabetes, hipertensão e dislipidemia (colesterol alto).

Com base nesse dado, é possível constatar a importância de programas de gerenciamento de doenças crônicas. Para Fábio Boihagian, diretor comercial da AxisMed, empresa especializada em Gerenciamento de Doentes Crônicos (GDC) no Brasil, o desenvolvimento destes programas voltados à população crônica se tornaram fundamentais, pois o envelhecimento populacional, escolhas alimentares pouco saudáveis, sedentarismo, tabagismo e outros fatores aumentam diariamente a prevalência de doenças crônicas na sociedade.

Esta teoria é comprovada por um estudo desenvolvido pelos pesquisadores Jan Hartmann, Stefan Brandt e Steffen Hehner, da Healthcare Payor and Provider Practice, que avaliaram diferentes Programas de Gerenciamento de Crônicos (PGCs) no mundo.  Os pesquisadores levantaram projetos que têm apresentado resultados eficazes, como o programa alemão de diabetes, que reduziu a incidência de diversas complicações e, ainda, diminuiu o custo global em 13%.

No entanto, de acordo com os especialistas, para ter sucesso com esses programas é necessário projetá-los minuciosamente para atender às necessidades atuais dos pacientes e controlar os gastos de saúde. Para isso, os pesquisadores definiram cinco elementos que garantem que os PGCs atinjam seus objetivos e metas.

– Tamanho: Em comparação aos pequenos programas, os grandes PGCs têm maior probabilidade de ser bem sucedidos devido ao beneficio da economia em escala, pois os recursos podem ser agrupados em muitos pacientes e os custos, reduzidos. Além disso, podem melhorar o processo regularmente, pois estão mais habilitados para utilizar dados coletados e análises para refinar os processos.

– Simplicidade: A simplicidade do projeto pode facilitar o trabalho de todos os envolvidos. Portanto, é necessário evitar critérios restritos de inscrição e utilizar métodos que não tentem individualizar o tratamento a pequenos subgrupos de pacientes.

– Foco no paciente: Nesse item é fundamental oferecer aos pacientes um treinamento específico para maximizar suas habilidades de autocuidado, visitas médicas regulares, check-up preventivo e o cumprimento do tratamento, que pode ser monitorado por especialistas do setor.

– Transparência nas informações: Muitos PGCs recentes não possuem um bom mecanismo para provar que são efetivos porque não dispõem de um sistema para monitorar quais pacientes estão participando e os resultados. Os programas de sucesso definem as métricas, mensuram as taxas de utilização e os resultados (em curto e longo período), a satisfação do paciente e os custos após o lançamento. Também inserem mecanismos para coletar as informações necessárias desde o começo e, em seguida, agrupam os dados regularmente e analisam cada caso.

– Incentivos: Enquanto um participante não possui um forte incentivo que o conduza na mesma direção que outros, é improvável que os PGCs produzam bons resultados. Incentivos financeiros ou de outra espécie podem ser utilizados para alinhar os interesses de todos os envolvidos com os protocolos dos programas. Os pacientes podem ser informados de que sua participação pode melhorar sua qualidade de vida, diminuir a probabilidade de sua condição agravar-se e facilitar a forma que ele acessa o sistema de saúde.

Fábio Boihagian conta que os programas se iniciam com a análise do perfil do risco de uma população, por meio do mapeamento de seu comportamento, considerando a estrutura de saúde utilizada por cada indivíduo. O cenário encontrado traduz informações amplas e detalhadas, envolvendo todos os riscos, nos seus diversos níveis, tendências de custos, além da projeção de ganhos ao se optar por implantar um programa de Gerenciamento de Doentes Crônicos (GDC).

Definido o público a ser trabalhado, é iniciado o plano de ação que será executado por profissionais como enfermeiros e auxiliares, liderados por uma equipe multidisciplinar das áreas médica, social, nutricional e psicológica. “O monitoramento é realizado por contatos telefônicos e visitas presenciais, considerando os riscos encontrados na identificação da população e as intercorrências surgidas durante o acompanhamento. Para mensurar a performance de atuação, bem como os resultados obtidos com o programa, são apresentados aos clientes relatórios periódicos que são discutidos e avaliados pelo grupo gestor do projeto”, explica Boihagian.

Os relatórios apresentam resultados econômicos, operacionais, clínicos, frequência de utilização e satisfação do usuário e do médico.

Muitas doenças crônicas são desenvolvidas devido à má alimentação e à falta de atividade física, entre outros fatores. “Com o gerenciamento, o paciente tem as instruções do médico e também o apoio de uma equipe especializada, que não interfere nos procedimentos médicos. O GDC também oferece métodos extras para o indivíduo controlar sua doença e se prevenir de uma enfermidade, além de um atendimento emergencial, se necessário”, finaliza Boihagian.