Documentário “O Discurso da Criança” aborda a gagueira infantil

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Tema ainda é motivo de preconceito e até casos de bullying nas escolas

A gagueira é um distúrbio de fluência em que acontecem quebras ou rupturas involuntárias no fluxo da fala e que atinge 5% da população mundial, sendo que 1% desse total desenvolve a gagueira de forma crônica. Ela é caracterizada por repetições de sons, sílabas, palavras, prolongamentos, bloqueios e pausas. A pessoa que gagueja sabe exatamente o que quer dizer, mas tem dificuldade na automatização e na temporalização dos movimentos da fala.

Esse distúrbio de fluência é abordado no documentário “O Discurso da Criança”, que mostra o drama de três crianças com gagueira que sofrem preconceito e bullying de seus colegas. Um dos personagens, por exemplo, é um garoto de 10 anos que foi diagnosticado com a disfluência aos 3 anos de idade. No documentário também é abordado o trabalho de uma entidade em Londres que auxilia crianças com gagueira e suas famílias.

Crianças entre 2 e  4 anos de idade podem passar por uma fase de gagueira natural, que é recorrente da aquisição da linguagem, mas os pais e professores devem estar atentos se o problema persistir por mais de seis meses. A disfluência costuma ser descoberta por volta dos 3 ou 4 anos de idade, porém, pode haver picos de incidência entre os 7 e 10 anos.

“A criança com gagueira apresenta diversos sintomas, como repetição de palavras ou sílabas mais de três vezes, uso exagerado de interjeições, prolongamento das sílabas e tempo acima do esperado para resgatar uma palavra ou acertar na fluência”, explica Sabrina Möller Martinho fonoaudióloga do Grupo Microsom.

Segundo a especialista, expressões corporais também podem sinalizar gagueira, como, por exemplo, bater os pés ou piscar os olhos fortemente enquanto fala. “A condição é involuntária, contínua e requer ajuda para que não se prolongue demasiadamente. Por isso, é importante que os pais e professores falem com o pequeno sem pressa e com pausas frequentes, reduzam o número de perguntas, demonstrem interesse em seu discurso e utilizem expressões faciais e linguagem corporal para demonstrarem atenção à criança”, recomenda a fonoaudióloga.

Além disso, é fundamental que as pessoas que fazem parte do cotidiano do pequeno tenham calma, não interfiram, corrijam, critiquem, digam que ele é gago, chamem a sua atenção e façam comparações desnecessárias.

O problema central da gagueira consiste em uma dificuldade do cérebro para sinalizar o término de um som ou uma sílaba e passar automaticamente para o próximo. Dessa forma, a pessoa consegue iniciar a palavra, mas fica “presa” em algum som ou sílaba até que o cérebro consiga gerar o comando necessário para prosseguir com o restante da palavra.

Além das causas neurológicas, estudos científicos também indicam que a gagueira é causada por múltiplos fatores, entre eles o genético – em que pessoas da mesma família, de diferentes gerações, carregam o gene responsável pela gagueira, que pode ou não se manifestar, dependendo da interação social e psicológica a que a pessoa é exposta. A gagueira também pode ter como causa fatores orgânicos, como disfunções ou lesões cerebrais.

Mesmo estando presente no dia a dia da população, a gagueira é uma deficiência geralmente não levada a sério e associada à zombaria e ao preconceito. Por isso, é importante informar à população que existem tratamentos para o problema, caso algum sintoma seja detectado, recomenda-se que os pais procurem um fonoaudiólogo para avaliação e diagnóstico. Para amenizar a condição, é possível usar o SpeechEasy – único aparelho para o tratamento da gagueira no Brasil – a partir dos 10 anos de idade.

O pequeno e discreto aparelho utilizado na região interna da orelha simula o “efeito coro” – um fenômeno natural e tema de muitas pesquisas há décadas. Ele ocorre quando uma pessoa que gagueja fala ou lê ao mesmo tempo em que outra pessoa, reduzindo a gagueira. A tecnologia aplicada no aparelho possibilita o aumento da fluência em diversas situações. No entanto, é importante ressaltar que o equipamento não é uma cura e sim um auxiliador no tratamento da disfluência.