Capacitação: uma questão fundamental na área de logística

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Por Hamilton Picolotti*

 

A escassez de mão de obra atinge 71% das companhias no Brasil, de acordo com o 7º Estudo Anual sobre a Escassez de Talentos, realizado recentemente pela ManpowerGroup, empresa de soluções em gestão e contratação de pessoas. Os resultados mostram também que em 2010 o índice foi de 64%, e em 2011, de 57%. A pesquisa revela, ainda, que um em cada três empregadores (34%) no mundo estão tendo dificuldades para preencher cargos. E a explicação, embora seja óbvia – o cenário de contratações atual é o oposto ao de alguns anos atrás em que faltava emprego e sobravam pessoas, não indica o caminho para a solução se não houver uma melhor análise da situação: a falta de profissionais qualificados.

Entre os setores afetados pela escassez de talentos está o de logística, que movimenta mais de US$ 180 bilhões por ano no Brasil, de acordo com a Associação Brasileira de Logística (ABRALOG). Responsável pelo planejamento, organização, transporte e distribuição de bens e serviços, além de controle e realização de outras tarefas associadas à armazenagem, o segmento enfrenta o desafio de formar profissionais que atendam às necessidades das indústrias, empresas de transporte, operadoras logísticas e de varejo.

Afinal, a amplitude e complexidade inerente à área – o profissional deve estar conectado a diversos conhecimentos – reforçam, ainda mais, a escassez de mão de obra no setor. Por outro lado, com o crescimento de até 5% do segmento de logística do Brasil ao ano (dados da ABRALOG), surge uma oportunidade singular para instituições brasileiras de ensino superior: a de proporcionar o conhecimento multissetorial, que combina conceitos aprofundados de administração, economia, transporte e engenharia de produção, entre outros, para suprir a demanda do mercado.

Enquanto isso, deixar cargos não preenchidos está fora de questão e as empresas não devem ficar alheias à qualificação profissional. Para superar a escassez de talentos, cabe à iniciativa privada encontrar soluções que minimizem os déficits e preencham as lacunas de habilidades específicas. No entanto, é importante lembrar que a falta de competências técnicas e a falta de experiência são obstáculos a serem superados em todo o mundo.

Para reverter esse cenário, companhias globais estão investindo em treinamentos e capacitação para os funcionários, fazendo pesquisas e escolhendo pessoas sem as habilidades necessárias, mas com potencial para aprender e crescer. Boa parte delas focam mais na retenção de talentos no caso de vagas cuja seleção é mais difícil, e outros oferecem salários e benefícios diferenciados.

O aumento dos treinamentos proporcionados por empresas demonstra que atualmente os colaboradores têm mais oportunidades de assumir novos postos, o que demanda mais sofisticação, conhecimento e habilidades, exigindo que os profissionais adotem uma mentalidade de aprendizado contínuo para manter suas aptidões atualizadas.

Além de desobstruir os gargalos de mão de obra existentes no segmento, a capacitação profissional é fundamental para atender as demandas de logística no Brasil, principalmente com os eventos esportivos – Copa do Mundo e Olimpíadas que o País sediará, e para acompanhar o crescimento da economia, muito pautado atualmente na democratização da Internet e compras online, o que tem exigido dos profissionais processos mais assertivos e eficientes.

 

* Hamilton Picolotti é presidente da Confenar – Confederação Nacional das Revendas Ambev e das Empresas de Logística da Distribuição